Razões Extrapolares
Não somos o que os outros pensam de nós.
Embora muitas vezes sejamos pensados pelo pensamento de outros, ou desejados pelos desejos alheios, temos no entanto uma identidade própria, uma consciência de valores, virtudes e vivências voltados para o bem que fazemos e a paz que vivemos, uma experiência de comportamento cuja verdade é a nossa liberdade de opções bem definidas e de alternativas bem determinadas.
Assim pensamos e somos pensados dentro desse fluxo de racionalidades interativas ou de inteligências divergentes.
Somos o que somos e o que não somos.
Nossa identidade é esse complexo de convergências interpolares e de divergências extrapolares onde as consciências se relacionam complementando-se ou não umas às outras, enriquecendo-se ou não mutuamente, ou aperfeiçoando-se ou não no interior de uma reciprocidade que ultrapassa os limites de cada pensamento e transcende as fronteiras do conhecimento capaz de ser produzido.
Nossas racionalidades são pois extrapolares.
Estão separadas por sua identidade específica que cada qual assume em seu contexto próprio de saberes criados, pensados e discernidos, construindo assim um repertório de conhecimentos que caracteriza toda consciência pensante, discernente e cognoscente.
Sim, temos a nossa própria identidade.
Todavia não devemos nos esquecer que essa mesma identidade é construída pela convergência de valores e saberes que se encontram, ou pela divergência de idéias e conhecimentos que se isolam em si próprios, não cooperando com o crescimento interior da racionalidade alheia, ainda que sejamos quase sempre produzidos por essa colaboração dialética de consciências interagidas e compartilhadas, um ambiente em que se constrói as matrizes de nossas idéias e os conteúdos originais de nossos conhecimentos.
Pode-se dizer por outro lado que o que nos identifica verdadeiramente é esse jogo de interatividades pensantes, de cooperações discernentes e de colaborações cognoscentes, o intercâmbio de saberes construtores de uma personalidade própria e de um caráter diferente, novo em sua constituição original e diverso em seu mútuo relacionamento com outras inteligências específicas, que podem ou não ajudar na criação de nossa identidade própria.
De fato, somos pensados pelos pensamentos de outros.
Tal interatividade de saberes é que nos confere uma identidade específica.
Portanto, o que verdadeiramente nos identifica é o compartilhamento de idéias, valores e conhecimentos que formam as nossas virtudes e vivências, definem as nossas consciências e determinam os nossos comportamentos.
Com, efeito, somos produtos dos outros.
Eis o que nos identifica e caracteriza propriamente.
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