sexta-feira, 15 de agosto de 2008

O Poder da Imaginação

O Poder da Imaginação
O Complexo Imaginário e
seu fluxo criador de imagens

1) A Imagem e seu Poder de Influência

Eu e os outros mantemos um relacionamento baseado em construção de imagens, que se originam a partir do poder de influência exercido por nós, pelo meu eu e pelos outros eus dos outros, resultando assim em uma interatividade, interdependência, compartilhamento de idéias e imagens, valores e intenções, símbolos e interesses, razões e experiências, teorias e práticas, emoções e atividades, exercícios mentais e concretos.
Dependemos uns dos outros.
Interagimos e compartilhamos interesses.
Em função desta realidade da experiência cotidiana, adquirimos com o tempo, de acordo com o momento, sob determinações da vivência temporal e histórica, conforme o lugar social e cultural, político e econômico, moral e religioso, em que nos inserimos, novas imagens sobre nós mesmos, criando, desde então, preconceitos e superstições, ideais e ideologias, teorias e discursos que vão afetar decisivamente nosso comportamento perante a sociedade onde nos encontramos neste mundo em que vivemos.
Nós somos eu e os outros.
Temos uma imagem sobre nós mesmos.
Eu sou assim, nós somos deste modo, os outros são daquela maneira.
Todos e cada um então constróem seus próprios mundos internos e externos, seus universos interiores e exteriores.
Somos imagem.
Nos imaginamos.
Nos representamos diante da sociedade, perante a mim e aos outros.
A Força desta imagem define o grau, o valor e o poder de influência que podemos apresentar socialmente.
Eu me imagino e imagino os outros.
Os outros se imaginam a si mesmos e imaginam a mim também, o que eu posso ser, o que eu represento para eles, qual o meu reflexo em sociedade.
A Imagem em si só pode existir a partir de uma relação: eu com os outros, eu comigo próprio, os outros comigo e os outros com eles mesmos.
Observa-se assim que a imagem é produto de uma relação necessária, resultado de uma situação real ou ideal interativa, consequência de circunstâncias sociais determinadas interdependentes, efeito de condições gerais e específicas cotidianas que compartilham símbolos, valores e interesses iguais ou diferentes.
Surge deste modo o poder de influência que podemos realmente exercer em sociedade, determinando e sendo determinados pela vida dos outros, condicionando pensamentos, sentimentos e comportamentos uns sobre os outros, definindo regras de conduta, estilos de moda, boas ou más atitudes, ótimas ou péssimas ações.
Neste momento, a ética ou a moralidade social entram em ação, chamando-nos à responsabilidade individual e coletiva, ao respeito pessoal, social e ambiental, às boas virtudes que devemos abraçar, ignorando e rejeitando de fato a violência e a maldade que possam então nos contaminar.
Eis pois o processo real, histórico e atual de construção da nossa imagem, seu valor, poder e importância diante da sociedade em que nos encontramos.

2) O Gerador de Imagens

Diariamente, estamos construindo imagens sobre nós mesmos e sobre os outros, dentro da realidade – quando experimentamos o cotidiano da nossa vida – ou fora da realidade – quando mergulhamos em sonhos, ilusões e fantasias, possuídos pelo poder da imaginação que então nos aprisiona e escraviza total ou parcialmente determinando uma relação de dependência, muitas vezes doentia, entre o meu ego e a minha inconsciência irreal e irracional.
Com efeito, as imagens – representações mentais – são fenômenos da consciência, ou acontecem na consciência em si, de si e para si, dentro de si e fora de si. Tais ocorrências racionais ou irracionais, reais ou irreais, conscientes ou inconscientes, caracterizam e manifestam o poder da imaginação humana, seu complexo imaginário fértil e de inúmeras possibilidades, e seu fluxo permanente de criação de imagens, as quais se identificam muitas vezes ora com o sujeito ora com o objeto, a consciência e/ou a experiência, o pensamento e/ou o acontecimento, a ação e/ou a representação, definindo assim “o motor de imagens”que funciona dentro da natureza do homem e da mulher cotidianamente. Na verdade, essas imagens construidas no meu ego se referem a uma variedade de fatos, reais e atuais, temporais e históricos, ou de modo diferente se relacionam com o meu mundo incrível, fantástico e extraordinário, muitas vezes louco e demente, visto que se isola e se aliena então da realidade do dia a dia da nossa vida em sociedade dentro deste mundo em que vivemos no presente momento. Desde agora, podemos observar que o mergulho ou não na estrutura caótica, indefinida e indeterminada da realidade da experiência cotidiana vai definir os nossos conceitos de imagem, sua função na nossa existência e a boa ou má qualidade de vida que podemos usufruir a partir pois das imagens ou representações mentais que temos de nós mesmos e dos outros, do meu ego e dos objetos que me cercam, do ambiente em que vivo e dos conhecimentos que adquiro constantemente, das informações que recebo dos meios de comunicação social e das manifestações concretas que visualizo quando em contato com os fatos históricos e os acontecimentos temporais do dia a dia. Nota-se ainda que uma imagem gerada revela o grau de relações e relacionamentos que mantenho e estabeleço diariamente e também o nível de estado de vida que experimento durante o dia e a noite sempre em condições que ora se vêem reais ou irrais, racionais ou irracionais, conscientes ou inconscientes. Outrossim, as intencionalidades humanas e seus interesses em jogo refletem a qualidade e a quantidade de imagens ou representações mentais que possuimos dentro de nossa ‘experiência mental”. Somos imagens.

3. O Trabalho da Memória

O Papel da memória no cérebro humano é guardar as imagens criadas diariamente, as quais se identificam com textos, fotos, músicas e vídeos, todas arquivadas nela, armazenadas em seu contexto condicionador de repetições consecutivas, transitórias e permanentes, ou seja, memoriza-se no interior do homem e da mulher todos os dados ou informações criadas, captadas, abstraidas e apreendidas pela sua consciência, de acordo com os seus interesses subjetivos.
As imagens ou informações geradas instalam-se na memória humana por meio de contínuos repetecos, os quais vão se adaptando e condicionando paulatinamente em seu mundo interior até que fiquem solidamente consolidadas nesse ambiente memorizador, arquivador de conteúdos e armazenador de conhecimentos. Deste modo, as imagens que se produzem não se perdem nem são apagadas desse universo interno cujas adjacências cooperam para tal arquivamento e cujo meio-ambiente memorial ajuda no mesmo armazenamento de dados. Esse pois o papel, a função e o sentido da memória dentro da natureza humana.

4. Representações Mentais

Podemos definir imagem como sendo uma figura, um símbolo ou uma representação mental de alguma coisa ou fato dentro da consciência humana. Esse fenômeno que ocorre na consciência e que chamamos de imagem pode ser uma letra ou um número, uma palavra ou uma frase, uma idéia ou um símbolo, um texto falado, ouvido ou escrito, uma foto que se vê, uma música que se escuta ou um filme que se observa. Esse olhar interno observador visualiza essas imagens transformando-as em representações mentais que faço de mim mesmo ou das outras pessoas, da realidade cotidiana ou dos fatos e acontecimentos do dia a dia, dos seres e das coisas, do sujeito que imagina e se imagina ou do objeto observado e imaginado. Tal ambiente de interatividade e compartilhamento de observações diversas e perspectivas diferentes, constituem e produzem, e desenvolvem, a imagem, objeto que imagino mentalmente. Imaginando esses objetos mentais dou origem à imagem, que se refere a mim, ou se relaciona com os outros, dentro ou fora da realidade em si, de si e para si. Assim pois é possível afirmar que imagem é uma realidade para mim, e eu sou uma realidade para essa imagem com a qual mantenho contato nesse momento, observando os caracteres que a definem. De fato, tal interação entre eu e o objeto mental, que chamo de imagem, determina uma terceira realidade ou imagem relacional, fruto do contágio imaginário que se estabelece entre o meu ego e a figura imaginada. Por conseguinte, temos 3 realidades que trabalham e cooperam mutuamente na produção da imagem: o meu eu, a coisa que imagino ou mentalizo e o estado de relação ou relacionamento existente entre todos nós. Dessa comunhão e participação dessas 3 realidades interiores ao sujeito humano nasce o conceito de imagem ou representação mental.

5. A Linguagem e suas
manifestações simbólicas e imaginárias

Símbolo, imagem e linguagem trabalham juntos construindo o discurso humano e seus fenômenos transcendentais, imanentes e transcendentes. Cooperam entre si, interagem uns com os outros, compartilham de seus universos próprios elaborando paulatinamente a racionalidade, a intencionalidade e a realidade da existência e da experiência temporal e histórica, real e atual, do homem e da mulher, que deste modo tornam-se agentes transformadores de seu contexto local, regional e global, de seu ambiente físico e geográfico, renovando pois culturas e mentalidades, e libertando e libertando-se de suas prisões ideológicas e escravidões psicológicas, abrindo-se então à superação de si mesmos, destruindo as barreiras dos preconceitos e os obstáculos das superstições, criando assim as condições de possibilidade para um presente e futuro melhor para a humanidade, com saúde pessoal e bem-estar social e coletivo, com mais fraternidade e solidariedade, gerando portanto uma sociedade humana de bem com a vida, mais ordeira, pacífica e organizada. Por conseguinte, a tarefa dos símbolos e a função das imagens na produção da linguagem humana propicia frutos e consequências resgatadoras da sua verdadeira dignidade, aprimorando seu caráter individual e aperfeiçoando sua personalidade hoje em dia cada vez mais plural e universal, global e integral. De fato, símbolos, imagens e linguagens produzem um homem e uma mulher melhores, livres e felizes, quando é claro caminham unidos com o bem que se faz e a paz que se vive. Em tal processo libertador, certamente Deus, o Senhor, deve ocupar um tempo e um espaço, ter voz e vez, a fim de que a sociedade, a cultura, a política e a economia desempenhem bem suas vocações temporais, gerando então igualmente efeitos positivos e otimistas para toda a eternidade.

6. O Movimento Construtor da Linguagem

O Processo gerador da comunicação se dá com a participação do comunicador, a linguagem do comunicador e o ouvinte, o agente receptor da comunicação. Paea isto, contribuem eficazmente os meios de comunicação social, tais como: o rádio, a televisão, o computador(internet, informática), os livros, jornais e revistas, o CD, o DVD, o telefone celular, mensagens de cartas, ou seja, mensagens ou linguagens de texto, áudio e vídeo, som e imagem, música e cinema, e o teatro também.
A linguagem ou mensagem de comunicação articula o comunicador com seu ouvinte, através sobretudo dos sentidos humanos, como por exemplo a voz, os olhos e os ouvidos.
A Intencionalidade é outro fator importante da comunicação, que usa a consciência humana, a fim de relacionar suas causas com seus efeitos, acrescentando então o bem ou o mal, a boa moral ou os maus costumes, que influenciam o resultado do movimento articulador da comunicação identificado com o pensamento, sentimento e comportamento das pessoas envolvidas com tal processo comunicador.
A interatividade, a reciprocidade, a relação mútua entre falante e ouvinte favorecem a boa comunucação e suas consequências vitais.
Comunicar-se faz bem à saúde.

7. A Luz e a Força
das Palavras

Palavras significam idéias,
Palavras representam coisas,
Palavras são feitas de símbolos,
Palavras traduzem emoções,
Palavras refletem valores,
Palavras identificam vivências.

Palavras são canais de comunicação,
ferramentas de interação,
instrumentos de participação, que ligam, relacionam ou fazem a ponte entre eu e o outro.

Palavras podem iluminar e fortalecer,
ou podem matar e destruir.
Portanto, as palavras podem ser boas ou más,
de paz ou violência,
de construção ou destruição.
Bondade ou maldade são valores da consciência humana,
são intenções da pessoa humana,
são práticas de indivíduos ou grupos humanos que vivem e convivem em sociedade.
Logo, as palavras reproduzem o homem e a mulher, e seus vícios e virtudes.
Abençoam ou amaldiçoam,
como também podem bendizer e glorificar a Deus, o Senhor.

Por isso, cuide de sua língua,
zele por sua língua,
administre a sua língua.
Ela é a sua vida ou a sua morte,
o seu bem ou o seu mal,
a sua construção ou a sua destruição.

Salve-se quem puder!

8. Estigmas
Idéias Aberrantes

Estigmas são marcas registradas em forma de idéias, símbolos, valores e palavras, que atingem a consciência humana, desviando comportamentos, deturpando a linguagem e causando erros, falsidades e aberrações na compreensão da verdadeira identidade da pessoa humana.
Essas marcas registradas na consciência da pessoa humana atuam como sofismas, mentiras ou aberrações que maculam, corrompem e destróem a identidade, o caráter, a personalidade e todas as características que representam verdadeiramente o indivíduo, grupos ou comunidades humanas.
Tais aberrações ignoram a verdade, excluem sua autenticidade e sujam e mancham os caracteres próprios do sujeito ou pessoa que vive e convive na sociedade humana.
Portanto, estigmatizar significa desviar, aberracionar, corromper e destruir a verdadeira identidade da pessoa humana.
Digamos “não” aos estigmas.
Sejamos verdadeiros e amigos da verdade.
Contrariemos os apelidos, as palavras sujas, as idéias falsas - estigmas atuais da sociedade humana.
Nos nossos relacionamentos, interações e linguagens inter-comunicativas usemos a pureza da linguagem, a limpidez das palavras, a autenticidade das idéias, a verdade de valores e vivências que correspondam à real, verdadeira e autêntica identidade da pessoa humana, sua insofismática realidade original.
Sejamos insofismáticos, verdadeiros, autênticos em nossas relações humanas, sociais, naturais e culturais.

9. A Natureza do Símbolo

Símbolo é uma representação textual, sonora ou visual que ocorre na mente humana, ou seja, um fenômeno da consciência, cujo acontecimento realiza a conexão simbólica com uma idéia, uma palavra, frase, teoria ou ideologia.
Como representação mental, o símbolo é uma ocorrência relacional, porque reflete algum significado no interior da inteligência humana.
Portanto, símbolo é o significante que traduz algum significado
É também um fenômeno situacional, pois remete a alguma situação, cuja referência é dada na linguagem de comunicação, onde o emissor se conecta com o receptor.
Igualmente é um acontecimento circunstancial, visto que se acha existente e insistentemente presente no cotidiano das pessoas, no dia-a-dia dos trabalhadores masculinos e femininos.
Outrossim, trata-se de uma referência condicional, já que nele, por ele e para ele, e a partir dele, se concretiza todo o processo interlocutor de comunicação.
Por conseguinte, a função do símbolo é permitir a boa comunicação, refletir como significante o significado das palavras ou mensagens, traduzir o ótimo relacionamento que deve existir entre o falante e o ouvinte, o autor e o leitor, o escritor e o receptor, o cantor musical e o povo que o escuta.
Na verdade, o símbolo é humano, natural e cultural, e pode servir aos humanos e a Deus, o Senhor, cuja linguagem divina também se expressa através de símbolos.
Façamos dos símbolos um motivo para fazer o bem e construir a paz no meio de nós.
Ex: a) letra(a,b,c,d,e,f...)
b) número(1,2,3,4,5,6...)
c) códigos
d) gestos
e) sinais
f) texto
g) fotos
h) sons
i) imagens
j) figuras

10. O Ambiente Imaginário
A Consciência em si, de si e para si,
dentro de si e fora de si

11. A Linguagem da Imagem
e seu universo de discurso

12. A Imaginação e seu contexto
fértil gerador de novas realidades simbólicas

13. Ser e Pensar,
Sentir e Agir,
Viver e Existir
Tudo é Imagem
Somos uma construção permanente de imagens

Sou o que imagino ser.
Penso o que imagino pensar.
Sinto o que imagino sentir.
A Imaginação caminha ligada ao meu ser, meu pensar, meu sentir, meu agir, meu viver e meu existir.
Imagino-me sendo, pensando, sentindo, agindo, vivendo e existindo.
Sou imagem.
Sou uma imagem em permanente construção.
Imagino o meu eu e quem somos nós.
Imagino a minha realidade e a minha racionalidade.
Imagino os meus pensamentos, sentimentos e comportamentos.
Sou imaginação viva, real e atual.
Sou gerado por mim mesmo.
Sou criado por minhas representações mentais.
Sou produzido por minhas próprias imagens.
Sou construido a partir das imagens dentro de mim mesmo, que me fazem ser e pensar, sentir e agir, viver e existir.
Tudo é imagem.
Todos são produtos da imaginação.
A Realidade cotidiana é imaginada para ser vivida e praticada.
Meus atos surgem de imagens que entendo, compreendo e mentalizo, racionalizando assim a experiência real diária.
Da qualidade de nossas imagens dependem nossos bons ou maus comportamentos.
A Realidade é imaginação.
Ou seja, minhas atitudes precisam da racionalização, mentalização, compreensão, entendimento e conscientização das imagens que surgem dentro de mim como fenômenos ou representações mentais.
A Imaginação é o acontecimento mais fundamental da minha vida.

14. O Contínuo processo de
produção de imagens

Em todas as nossas atividades físicas, operações mentais e exercícios espirituais estamos sempre gerando imagens sobre nós mesmos e sobre os outros, sobre a realidade que nos cerca, sobre o ambiente que nos rodeia, sobre os seres e as coisas com que mantemos contato, sobre os nossos relacionamentos diários, dentro e fora da família, do trabalho, da escola, da igreja, do hospital, do supermercado, do botequim, da farmácia, da padaria, da rua, enfim, sobre tudo e todos, que possam refletir nossas representações mentais, revelar nossa identidade consciente ou inconsciente, racional ou irracional, real ou irreal.
Produzir imagens, portanto, é uma vocação da natureza humana. Com elas, constrói a sua vida, forma a sua opinião, informa-se acerca dos acontecimentos do dia a dia, cria novas e diferentes idéias, almeja por grandes ideais, gera seus pensamentos, produz diversos conhecimentos, pode discernir o bem e o mal, optar pela paz e ignorar a violência, abraçar a fraternidade e a solidariedade, excluir de sua existência a cultura da morte e da maldade, e a mentalidade de divisão e marginalização social.
Sem elas, não somos, não pensamos, não sentimos, não vivemos, não existimos.

15. Auto-Imagem
A Construção da imagem de si mesmo

Fatores internos e externos contribuem efetivamente para a construção da imagem de si mesmo.
Dentre esses fatores, podemos citar a educação familiar recebida, a formação cultural obtida, o conjunto de valores, intenções e interesses apreendidos e vividos, o repertório de ideologias abstraidas, o complexo biológico, psicológico e sociológico que se vivencia e experimenta, a ética praticada, a espiritualidade abraçada, o fluxo de idéias e conhecimentos desenvolvidos, a genética mental e corporal, orgânica e fisiológica, somática e psíquica observada, o ambiente natural e cultural no qual se encontra, os ideais sociais, políticos e econômicos abarcados, a sua filosofia de vida, os seus relacionamentos, interatividades e compartilhamento de atitudes, as condições e relações de vida e trabalho, saúde e educação, a existência baseada em situações adversas e em circunstâncias contraditórias, a experiência real cotidiana, o tempo e a história passada, presente e futura consumidos até hoje, a sua visão de Deus, de homem e de mulher, de mundo e de sociedade então assumida, o seu compromisso responsável ou não, consciente ou não, com as pessoas ao seu redor, o estado de saúde em que encontra, enfim, tudo isso define o que eu sou e quem eu sou, determina meus pensamentos, sentimentos e comportamentos, condiciona meus desejos e necessidades, constrói de fato a imagem simbólica que eu tenho de mim mesmo. Assim se fazem minhas representações mentais, minha ética comportamental, minhas ações e paixões, minhas dores e amores, meus trabalhos e sofrimentos. Eis pois a minha identidade, seus fundamentos, limites, tendências e possibilidades. Tal é a minha Auto-Imagem.

16. Sujeito e Objeto
Relações Binômicas e Biunívocas

As relações de imagem sujeito-objeto, sujeito-sujeito e objeto-objeto traduzem certamente a estrutura simbólica de representações mentais próprias da racionalidade humana.
Como fenômenos da consciência pensante, esses símbolos e imagens refletem o estado de transcendentalidade da existência humana, naturalmente racional e culturalmente experimental. Nessa interdependência subjetiva-objetiva, em tal interatividade de relações e no mesmo compartilhamento de tempos e lugares, produz-se a imaginação do homem e da mulher e seu poder de representar a realidade cotidiana familiar, do trabalho, da escola, do hospital, da rua, enfim, de todo o conjunto da experiência real e atual, temporal e histórica. Outrossim, urge afirmar que a imaginação humana, ao produzir essas representações mentais, simbólicas e imaginárias, atua como agente intermediário, intercessor e interventor, possibilitando o relacionamento entre sujeito e objeto, sujeito e sujeito e objeto e objeto. Em outras palavras, quando o sujeito ativo abstrai o objeto passivo ele gera uma imagem de apreensão dentro de si mesmo, o que significa praticamente a transformação do fenômeno real em fenômeno transcendental, ou seja, na consciência a imanência se torna transcendência. Essa função de interferência própria da imaginação criadora age também nos relacionamentos humanos, naturais e culturais, em ambientes específicos, quando se geram imagens de si próprios e imagens das outras pessoas, que se inserem no interior da racionalidade inteligível, comportando-se esta como abstração apreendedora de relações, imagens interativas, compartilhadas e interdependentes. Ainda é possível se verificar a ação da inteligência humana ao propiciar a relação objeto-objeto, da qual entendendo tal encontro simbólico de imagens, passa a compreender seu fluxo possível de interligações produtoras do conhecimento verdadeiramente possível. Esses processos geradores de conhecimento chamamos de abstração ou apreensão.

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